Recebo muitas perguntas no consultório como fica a gengiva do bebê quando vai nascer dente, que é um período que costuma gerar curiosidade e, em certos casos, ansiedade nos pais, pois há mudanças notáveis na gengiva e no comportamento da criança.

O assunto é de extrema importância, já que a dentição de leite (também chamada de dentição decídua) influencia o desenvolvimento futuro da arcada dentária.

Na minha clínica odontológica em Taguatinga, tenho acompanhado de perto a preocupação dos pais quando seus bebês começam a manifestar os primeiros sinais da erupção dentária.

Por isso, decidi compartilhar meu conhecimento neste guia completo, explicando detalhadamente como fica a gengiva do bebê quando vai nascer dente, quais são os sintomas associados e como proporcionar alívio ao seu pequeno durante essa fase desafiadora, porém, passageira.

O início da dentição

A dentição começa a se desenvolver ainda na gestação. As estruturas que darão origem aos dentes decíduos se formam dentro do tecido gengival antes mesmo de o bebê nascer.

Os primeiros dentes costumam surgir por volta dos seis meses de vida, mas isso varia muito de criança para criança.

Em alguns casos, o dente pode aparecer aos quatro meses, enquanto em outros pode demorar até quase um ano. Essa variação não é preocupante, pois cada organismo tem seu próprio ritmo.

Percebo que muitos pais se surpreendem ao notar alterações na gengiva do bebê. Às vezes, há uma pequena região esbranquiçada ou translúcida, que costuma indicar a coroa do dente em processo de erupção.

Em outras situações, surge um leve inchaço que pode provocar desconforto. O fundamental é observar cada sinal e entender que esses indícios fazem parte de um ciclo natural.

Como fica a gengiva do bebê quando vai nascer dente?

As alterações na gengiva do bebê são os indicadores mais claros da erupção dentária. Em meu consultório, sempre oriento os pais a observarem os seguintes sinais:

Inchaço e elevação localizada

Quando um dente está prestes a romper a gengiva, é possível notar um inchaço localizado no local, que geralmente apresenta:

  • Coloração avermelhada ou arroxeada, devido ao aumento da vascularização;
  • Superfície brilhante e tensa;
  • Formato ovalado ou arredondado, acompanhando o contorno do dente que irá erupcionar;
  • Consistência firme, mas ligeiramente elástica ao toque (caso o bebê permita o exame).

Em alguns casos, especialmente quando o dente está muito próximo de erupcionar, posso observar na gengiva do bebê um pequeno ponto esbranquiçado no centro dessa elevação, que corresponde à ponta da coroa dentária já visível através do tecido gengival afinado.

Hematoma de erupção

Um fenômeno que frequentemente causa preocupação nos pais, mas que é completamente benigno, é o chamado hematoma de erupção. Nesta condição, a gengiva do bebê apresenta:

  • Uma área azulada ou arroxeada bem delimitada;
  • Aspecto semelhante a uma bolha de sangue;
  • Localização exatamente sobre o dente em erupção.

Esta alteração ocorre devido ao acúmulo de sangue entre o tecido gengival e a coroa do dente em erupção. Na maioria das vezes, o hematoma desaparece espontaneamente quando o dente rompe a gengiva.

Combase na minha experiência clínica, raramente é necessária alguma intervenção.

Gengiva avermelhada e sensível

Durante o processo de erupção, toda a região gengival pode se tornar:

  • Mais avermelhada que o normal;
  • Sensível ao toque;
  • Ligeiramente inchada, mesmo em áreas onde não há dentes prestes a erupcionar.

Esta inflamação generalizada é uma resposta natural do organismo e tende a se resolver à medida que os dentes vão irrompendo.

Sintomas comuns e como lidar com eles

Alguns bebês apresentam sintomas que vão além da mudança visual na gengiva. O aumento de salivação é um dos mais característicos.

A criança pode babar com maior frequência, o que costuma irritar a pele ao redor da boca. Sugiro o uso de babadores e a troca periódica de roupas para manter a região do pescoço limpa e seca.

Também existe a possibilidade de o bebê ficar mais agitado ou até apresentar distúrbios leves de sono.

    Nesse estágio, tenho o hábito de tranquilizar os pais, pois é normal que o incômodo gengival influencie o bem-estar noturno. Em alguns casos, o bebê pode ficar mais choroso ou irritadiço, exigindo maior atenção e carinho.

    É comum me perguntarem sobre febre. Na prática clínica, noto que a erupção dental não costuma causar febre alta.

    Uma elevação discreta da temperatura pode ocorrer por conta da inflamação local, mas qualquer febre persistente ou intensa precisa de avaliação do pediatra, pois geralmente não está relacionada apenas ao nascimento do dente.

    Cuidados e alívio para a gengiva

    Sempre ofereço as seguintes recomendações para ajudar a aliviar o desconforto na gengiva do bebê:

    Mordedores refrigerados

    • Mordedores de silicone preenchidos com água, resfriados na geladeira (nunca no freezer);
    • Pedaços de frutas congeladas envoltas em tecido limpo (para bebês que já iniciaram a alimentação complementar);
    • Toalhinhas úmidas e frias.

    O frio ajuda a diminuir a inflamação e proporciona alívio imediato ao desconforto. Mas apesar de aliviar o incômodo, esse método deve ser usado com cautela para evitar temperaturas muito baixas que possam causar sensibilidade excessiva.

    Massagem gengival

    • Lave bem as mãos antes de realizar a massagem;
    • Use um dedo limpo ou dedeira de silicone;
    • Aplique pressão suave com movimentos circulares nas áreas inchadas;
    • Repita várias vezes ao dia, especialmente antes das refeições e do sono.

    Esta técnica simples estimula a circulação local e ajuda a aliviar a pressão sob a gengiva.

    Gel específico para dentição

    Para casos de maior desconforto, posso recomendar:

    • Gel específico para dentição à base de camomila e própolis;
    • Aplicação com o dedo ou cotonete, seguindo rigorosamente as instruções do fabricante;
    • Intervalo mínimo de 2 horas entre as aplicações.

    É fundamental ressaltar que produtos contendo benzocaína não são mais recomendados para bebês devido ao risco de efeitos adversos.

    Higiene desde cedo

    Há quem acredite que a higiene bucal do bebê só começa de maneira efetiva quando o primeiro dente se torna visível.

    Minha recomendação é iniciar antes, pois a limpeza das gengivas com uma gaze ou dedeira contribui para que o bebê se acostume ao processo e previne o acúmulo de bactérias. Mesmo que o dente ainda não tenha surgido por completo, manter a área livre de resíduos pode ajudar a evitar inflamações.

    Ao notar que o dente começou a aparecer, vale a pena conversar com um profissional para entender qual escova e creme dental são adequados. Existem escovas com cerdas ultramacias pensadas para essa fase inicial.

    Quanto ao creme, algumas fórmulas infantis contêm flúor em concentração ajustada, mas é fundamental seguir as orientações de segurança para não haver ingestão em excesso.

    Possíveis complicações

    Em casos raros, a erupção do dente pode gerar pequenos cistos ou levar a um desconforto maior.

    Tenho observado que a maior parte dessas situações é resolvida com acompanhamento próximo e medidas simples, como compressas frias e higienização cuidadosa.

    Só indico procedimentos específicos, como drenagem de cisto, quando realmente necessário e sempre após avaliação detalhada.

    Também aconselho observar se há irritações na bochecha ou na língua, pois o bebê pode morder as partes internas da boca enquanto tenta aliviar a coceira na gengiva.

    Qualquer ferida persistente deve ser examinada por um dentista para garantir que não haja risco de infecção.

    Como manter o bem-estar do bebê

    Meu objetivo sempre foi proporcionar conforto e orientar da melhor forma possível. Nessa etapa de crescimento, o bebê explora o mundo pela boca e tende a levar objetos ao alcance das mãos.

    Por isso, é indispensável verificar a limpeza de cada item que ele manipula, já que a gengiva se encontra mais propensa a pequenas lesões e a contaminações.

    Também vale lembrar a importância de um acompanhamento regular no consultório. Ainda que o bebê possua poucos dentes, visitas periódicas podem prevenir problemas e garantir um desenvolvimento saudável da arcada.

    Avalio nessa fase se há algo que exija intervenção ou cuidado específico, reforçando hábitos de limpeza e oferecendo dicas de rotina bucal.

    Conclusão

    As transformações na gengiva são parte de um processo natural e não devem ser motivo de pânico. Cada bebê tem sua própria forma de reagir ao nascimento do dente.

    Se houver excesso de irritação, choro constante ou qualquer sinal de febre alta, o pediatra e o dentista especialista devem ser consultados para uma avaliação precisa.

    É muito gratificante ver os pais mais seguros depois de entenderem como fica a gengiva do bebê quando vai nascer dente.

    O alívio vem com pequenas ações diárias, como oferecer mordedores refrigerados, fazer massagens suaves e manter a região limpa. A experiência me mostra que a maioria dos bebês passa por essa fase sem complicações graves, necessitando apenas de carinho e atenção constante.

    Aconselho que todos mantenham uma observação atenta, documentem o surgimento dos primeiros dentes e celebrem cada conquista do desenvolvimento.

    As dúvidas são normais, pois a chegada dos dentes decíduos traz descobertas para o bebê e para a família. Quando surgem incertezas, uma consulta profissional pode fornecer soluções simples e orientar o cuidado adequado.

    Dr. Irvington Duarte, especialista em implantes dentários com 13+ anos de experiência em Ortodontia, Cirurgia Oral Menor e Estética Oral. Compromisso com inovação e qualidade em tratamentos dentários.